sábado, 20 de agosto de 2011

Saúde X Planos de Saúde


            A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou que os planos contratados a partir de 1° de janeiro de 1999 devem obedecer à Resolução Normativa n° 167. Com esta resolução, houve um avanço para os atendimentos de fisioterapia, já que previu um número ilimitado de sessões, entretanto determinou que estes tratamentos pudessem ser realizados também por um fisiatra e, infelizmente, ainda vincula a oferta dos serviços de fisioterapeutas à solicitação de um médico, afrontando a autonomia dos profissionais de fisioterapia e o direito da população em ter livre acesso aos serviços prestados por eles.
            Realmente houve um pequeno avanço em relação ao atendimento à população, que passa a ter direito a um número ilimitado de sessões, mas e o fisioterapeuta? Este continua à mercê das indústrias de planos de saúde, trabalhando com remuneração ínfima, incongruente com os serviços e qualificação profissional.
            Pois é, os planos de saúde pagam um valor inferior a R$10,00 por sessão, e muitas vezes chegam a pagar um valor inferior aos R$6,40 pagos pelo SUS no sistema público. Como já foi discutido no post sobre piso salarial, vemos que estas condições são lastimáveis, e comprometem a qualidade do serviço prestado.
            E quem sai perdendo com isso? O paciente, que paga caro no plano de saúde, e fica a mercê de péssimos atendimentos, com tratamentos protocolados, em que vários pacientes são atendidos ao mesmo tempo; o Fisioterapeuta, que não consegue trabalhar da maneira adequada e se frustra profissionalmente; e a profissão, que fica com má fama, como se não resolvesse os problemas de sua alçada.
            Ainda deve-se atentar que a situação é pior do que a registrada até aqui. Isso porque os planos de saúde se vinculam à profissionais com um mínimo de 2 anos de atuação, ou à clínicas. Ou seja, se o fisioterapeuta estiver trabalhando numa clínica, ele ainda só irá receber uma porcentagem deste valor, já que a clínica ficará com o restante.
            Mas quem são os verdadeiros culpados? São os próprios fisioterapeutas, que se submetem a este tipo de regime escravocrata dos planos de saúde!
            Primeiro que, como está no nosso próprio código de ética, é proibido ao fisioterapeuta (art. 30) prestar assistência profissional gratuita ou a preço ínfimo (...), e angariar ou captar serviço ou cliente, com ou sem a intervenção de terceiro, utilizando recurso incompatível com a dignidade da profissão ou que implique em concorrência desleal (art. 8, parágrafo XVI). E aceitando essas condições de pagamento dos planos de saúde o profissional está, ao meu ver, infringindo estes dois códigos ao mesmo tempo.
            Segundo que não adianta os profissionais ficarem apenas reclamando. O boicote aos planos de saúde é talvez o único meio de garantir a nossa dignidade, mas um princípio de boicote em 2009 nos mostrou que, primeiro, temos que passar por um outro obstáculo: a falta de união de classe.
Já passou da hora de nos unirmos, assim como a classe médica, para lutarmos por nossos direitos! Muitos médicos não aceitam até hoje o atendimento por convênio, ou organizam seus horários delimitando o número de atendimentos de conveniados por dia. Tomemos  como exemplo!
            Para finalizar, coloco um vídeo que foi ao ar no dia 15 de maio de 2009, no Paraná, abordando justamente essa questão dos planos de saúde.


            É importante ressaltar que nós, fisioterapeutas e estudantes, somos capazes de mudar esta situação. Está na hora de agir!
            Lembre-se: para obter algo que nunca teve, precisará fazer algo que nunca fez.

Fontes:
            www.fisionet.com.br
            http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=893503&tit=Fisoterapeutas-ameacam-boicotar-planos-de-saude


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