quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Tratamento em Terapia Manual: Técnicas Miofasciais e Mobilização Neural


            Finalizando o belo texto do Hélcio, confiram agora outros métodos terapêuticos de terapia manual!

            Técnicas miofasciais:

            Existem diversas técnicas miofasciais: Pompagens, técnica de contrai-relaxa, alongamentos passivos e/ou ativos, digitopressão etc. Neste material será citada a técnica de digitopressão devido à facilidade em ser aplicada e por ser de opção de grande parte dos fisioterapeutas.
            O terapeuta utiliza a DIGITOPRESSÃO quando ele detecta tender points, trigger points ou mesmo simples nódulos miofasciais.
            Nesta abordagem, o terapeuta pode optar por digitopressão contínua ou intermitente:
a)  digitopressão intermitente: o terapeuta pressiona o ponto a ser tratado até sentir uma barreira tensional ou até o paciente relatar estar sentindo sua queixa (geralmente numa intensidade forte, mas não insuportável) e solta a pressão e então pressiona novamente até esta barreira/queixa.  O fisioterapeuta executa a manobra repetidas vezes. Ele cessa o tratamento quando: 1- a dor cessa ou 2- o terapeuta não sente mais o tecido tenso ou 3- durante a manobra o quadro clínico estabiliza (não há mais melhora) ou 4- o paciente relata que a sua queixa está piorando.   

b)  Digitopressão contínua: o terapeuta pressiona o ponto até sentir uma barreira tensional ou até o paciente relatar estar sentindo sua queixa (geralmente numa intensidade forte, mas não insuportável). Ele libera a pressão sobre o tecido quando: 1- a dor cessa ou 2- o terapeuta não sente mais o tecido tenso ou 3- o quadro clínico estabiliza (não há mais melhora) ou 4- o paciente relata que a sua queixa está piorando. Ainda, há métodos que realizam a digitopressão contínua por tempo, que varia de 60 a 90 segundos. A escolha do método (ou por tempo ou por sintoma) é o de preferência do terapeuta.

Foto 01:  paciente relaxa musculatura durante digitopressão.

Foto 02: Digitopressão em músculo subescapular

            2.1 - BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO:
            A presença de disfunções miofasciais pode trazer diversos prejuízos para o sistema neuromusculoesquelético, inclusive déficits no sistema nervoso autônomo. Portanto, os benefícios do tratamento de disfunções miofasciais (levando em conta as diversas técnicas exemplificadas) incluem:
            -  restauração da ADM;
            - restauração da elasticidade miofascial;
            - restauração da força muscular;
            - restauração dos reflexos miotendíneos;
            - alívio de dores;
            - combate dos efeitos crônicos, como por exemplo:  percepção distorcida do peso das coisas, sudorese, variação de temperatura, piloereção, visão turva, náusea, vômitos, zumbido no ouvido, hiperalgesia, dor em espelho, etc.

            Neurodinâmica:

            A neurodinâmica é utilizada quando as queixas do paciente têm como causa primária disfunções neurais.  As mobilizações neurais consistem em movimentos lentos e ritmados em um período de 30 a 60 segundos e podem ser feitos segundo os graus de I a IV de Maitland. As manobras podem ser feitas tanto pelas articulações de extremidade (pé, tornozelo, mão, cotovelo) quanto pela coluna (cervical, torácica e lombar). Portanto, o terapeuta deve saber todos os testes neurais (já bem descritos na literatura) e utilizá-los adequadamente tanto na avaliação quanto no tratamento. Durante toda a execução das manobras o terapeuta precisa manter a mesma força, amplitude articular e frequencia, pois eles fazem parte do benefício da mobilização.  A manobra pode ser realizada até 3 vezes por sessão e não há periodicidade de dias de tratamento estabelecida, porém, nunca esquecer da hipersensibilização que a terapia manual pode promover. A amplitude de movimento em que vai se mobilizar o tecido neural é sempre a amplitude indolor ao paciente. Uma característica marcante das manobras neurais é: mesmo que o paciente melhore dos sintomas entre uma manobra e outra (na avaliação continuada) é recomendado  ao terapeuta que continue mobilizando o tecido neural na ADM que ele escolheu na primeira manobra. Apenas no dia seguinte é que se faz uma ADM maior (caso indicado). Esta sugestão existe, pois muitas vezes os sintomas melhoram em curto prazo (no consultório), porém pioram em longo prazo, quando o paciente vai para casa, portanto, muito critério ao usar as técnicas de neurodinâmica.

            Obs: pela complexidade da avaliação e execução das manobras neurais, não é o intuito deste material descrever tais itens.

 
 Video 08: mobilização neural através de movimentos de ombro.

 
 Vídeo 09: mobilização neural do nervo mediano através de movimentos de cotovelo e punho.

            3.1 - BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO:
            - alívio de dores (irradiadas ou pontuais);
            - restauração da função muscular (diminuida ou por dor ou por déficit neural de causa mecânica);
            - restauração de ADM (perdida ou por dor ou por tensão neural).

            NOTA DO AUTOR:  A terapia manual voltou a conquistar uma posição importante dentro do cenário da reabilitação. Por muito tempo as técnicas de terapia manual foram desacreditadas e até chamadas de charlatanice, o que culminou em um profundo descrédito por parte tanto dos médicos, quanto dos fisioterapeutas e também da população leiga. Porém, com o passar dos anos, os estudos científicos em Terapia Manual melhoraram muito e, cada vez mais, eles conseguem comprovar a eficácia dos métodos além de determinar com maior exatidão as indicações e contra-indicações das técnicas. Por outro lado, a prática consciente da Terapia Manual, ou seja, os fisioterapeutas sabendo seus limites, não realizando tratamentos à esmo, respeitando as indicações e contra-indicações dos métodos, fez com que os resultados nas clínicas de reabilitação fossem positivos e, consequentemente, restauramos novamente a boa aceitação por parte dos pacientes e geral. Portanto, podemos dizer que  a Terapia Manual está em pleno crescimento e ascensão e já garantiu seu espaço no mundo da fisioterapia.

            BIBLIOGRAFIA:
            Para os interessados no assunto, segue uma lista de alguns dos livros-texto mais importantes sobre o assunto:
       Butler D. Mobilização do sistema nervoso. 1° Ed. São Paulo: Editora Manole Ltda. 2003
       Kapandji, AI. Fisiologia articular. 5° Ed. São Paulo. Editora médica panamericana. 2000
       Kaltenborn FM. Mobilização manual das articulações. Método Kaltenborn de exame e tratamento das articulações. Volume I: Extremidades.  5°ed. São Paulo: Editora Manole Ltda. 2001.
       Maitland GD,  Hengeveld E, Banks K, English K. Manipulação vertebral de Maitland. 6° Ed. Rio de Janeiro: MEDSI Editora Medica e cientifica LTDA, 2003
            Mennel, J. Joint Pain. Boston: Little, Brown & Company, 1964
       Mulligan BR. Manual Therapy: NAGs, SNAGs, MWMs etc. 5thed. Wellington: Plane view services Ltd.  2006
       Simons D, Travell JG, Simons LS. Myofascial Pain and Dysfunction. The Trigger point manual.  2°Ed. Williams & Wilkins. 1999.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Tratamento em Terapia Manual: Manobras Articulares

            Vamos dar continuidade ao texto sobre terapia manual, agora com a parte de tratamento. Go!

            Neste item citaremos os benefícios do tratamento com terapia manual e também daremos alguns exemplos de algumas técnicas, sempre lembrando que as variantes citadas dependem da avaliação do caso clínico:

            Manobras articulares:

            Os exemplos mais conhecidos são: Maitland, Mulligan, Kaltenborn, Quiropraxia.
            São realizadas de, basicamente, quatro formas:

a)  Movimentos oscilatórios acessórios: os movimentos acessórios são micro movimentos articulares que permitem a artrocinemática ideal. Estes movimentos não podem ser feitos de maneira voluntária pelo paciente e, por isso, precisam ser realizados por uma força externa, no nosso caso, pelas mãos do fisioterapeuta. O terapeuta realiza movimentos lentos e ritmados em um período de 30 a 60 segundos.  Durante toda a execução das manobras o terapeuta precisa manter a mesma força, amplitude articular e frequencia, pois eles fazem parte do benefício da mobilização.  A manobra pode ser realizada de 3 a 5 vezes por sessão e não há periodicidade de dias de tratamento estabelecida, porém, nunca esquecer da hipersensibilização que a terapia manual pode promover.

 
 Video 01: Movimento acessório em coluna lombar

 
 Vídeo 02: movimento acessório de cabeça de fíbula

 
Video 03: movimento acessório de glenoumeral


b)  Mobilizações articulares fisiológicas passivas:
Nesta modalidade de tratamento, o terapeuta realiza (sem a ajuda do paciente) o movimento fisiológico (elevação de ombro, abdução de quadril, flexão/extensão de coluna lombar etc) que ele escolher para tratar a queixa do paciente. O terapeuta realiza movimentos lentos e ritmados em um período de 30 a 60 segundos e durante toda a execução das manobras o terapeuta precisa manter a mesma força, amplitude articular e frequencia, pois eles fazem parte do benefício da mobilização.  A manobra pode ser realizada de 3 a 5 séries por sessão e não há periodicidade de dias de tratamento estabelecida, porém, nunca esquecer da hipersensibilização que a terapia manual pode promover. 

Video 04: mobilização fisiológica passiva de cotovelo realizada em diferentes graus de movimento. 

c)   Manipulação articular (ou thrust): consiste em um movimento rápido de pequena amplitude no fim de arco de movimento articular do segmento a ser tratado. Lembrar que durante o posicionamento do thrust, o paciente não pode relatar dor ou mesmo mostrar-se reticente à manipulação, caso detecte estes sinais, evite a manobra e escolha outra manobra ou outro grau de tratamento. 

 
 Video 05: manipulação articular em coluna torácica

d)  Movimentos acessórios sustentados (Mulligan): o terapeuta efetua uma força manual de deslizamento articular que é aplicada de maneira sustentada (não oscilatória) em uma articulação enquanto um movimento com disfunção (por exemplo: movimento restrito, dor ou contração muscular dolorosa) é realizado pelo paciente.

 
 Video 06: Movimento acessório sustentado facetário e movimento de flexão lombar realizado ativamente pelo paciente.

 
  Vídeo 07: movimento acessório sustentado de fíbula e movimento ativo de inversão de tornozelo.

            1.1 - BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO:

            - alívio de dor;
            - melhora de sensação alterada de sensibilidade (formigamento, queimação, mudanças de termperatura etc);
            - ganho de ADM;
            - melhor recrutamento muscular;
            - melhora incapacidades funcionais.