quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Fisioterapia Aplicada ao Trauma de Emergência



            Hoje vamos falar sobre uma área da fisioterapia que é pouco conhecida, mas de suma importância para muitos pacientes: Fisioterapia na Emergência.
            Para isso nada melhor que contar com um especialista no assunto! O Dr Felipe Marx é fisioterapeuta, pós graduado em Fisioterapia aplicada a Ortopedia e Traumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pesquisador em Trauma e Emergências na Universidade de São Paulo – USP e colaborador da Liga de Fisioterapia no Trauma da FMUSP.
            Boa leitura!

            Atualmente o trauma é definido como “um evento nocivo que advém da liberação de formas especificas de energia ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia”. (NAEMT, 2007)
            Independente do nível de desenvolvimento econômico e social, o trauma sempre aparece entre as cinco principais causas de morte em qualquer país. (Peden, McGee & Sharma, 2002). Entretanto, infelizmente esta importante causa de mortalidade e morbidade vem sendo negligenciada nas ultimas décadas, sendo inclusive chamada por alguns autores de “epidemia negligenciada” (Martinez, 1990).
            Embora os tipos de morte por trauma variem pouco entre os países, existe uma grande variabilidade entre quais tipos influenciam grupos específicos de faixa etária que na grande maioria dos casos varia entre 15 e 29 anos. (Peden, McGee & Sharma, 2002) Apesar disso, as mortes decorrentes de Trauma não são a fonte principal do problema. O impacto do trauma na saúde publica é enorme, e pode ser visualizado pelo numero de vítimas atendidas nos EUA em 2002, onde pouco mais de 161 mil vitimas morreram em decorrência de traumas; 2,8 milhões foram hospitalizados; 40 milhões compareceram aos serviços de emergência e mais de 60 milhões de episódios foram relatados.
            Os custos de traumas em termos de mortalidade, morbidade e estresse econômico são exorbitantes. As estimativas de custo com pacientes traumatizados chegam a US$ 325 bi anuais que incluem o custo direto da assistência, e os custos indiretos como reabilitação e invalidez. (Christoffel & Gallagher, 1999)
            Os cuidados com o paciente, vítima de trauma se iniciam no atendimento pré Hospitalar normalmente realizado, no Brasil, pelo Corpo de Bombeiros através do serviço de Resgate e/ou pelo Serviço Medico de Urgência (SAMU) que realizam o primeiro atendimento e o transporte da vitima até o serviço medico de emergência adequado. (Junior et al, 2007). No atendimento Intra Hospitalar, os cuidados iniciam pela avaliação, realizados seguindo os padrões do Advanced Trauma Life Support (ATLS). Esta avaliação deve ser conhecida por todos os profissionais que atuem diretamente ao atendimento aos pacientes vítimas de trauma, o que inclui o Fisioterapeuta de Emergência. Importante também é o conhecimento da mecânica do trauma. Dados de cinemática vetorial, biomecânica, mecânica do movimento e da física do movimento e conservação de energia (Leis de Newton, de Lavoisier e Prescott Joule), para avaliar e prever a extensão dos danos causados pelo incidente gerado pelo trauma.
            Não é novidade que a pior conseqüência para a vítima de trauma é a morte. Cabe aos profissionais que atuam na emergência evitá-la de todas as formas e, sempre que possível, prevenindo seqüelas que levem comorbidades. O acompanhamento e a intervenção por parte dos fisioterapeutas aos atendimentos de vitimas de trauma no serviço de urgência e emergência sugeriram que conhecimentos técnicos e científicos de biomecânica e cinesiologia, alem de experiências clinicas e científicas sobre ventilação mecânica e mobilização do paciente critico, fazem toda diferença na qualidade do serviço prestado ao paciente pela equipe multidisciplinar.
            Estudos recentes demonstram que vitimas de trauma, especialmente de acidentes automobilísticos e violência crescem exponencialmente, ultrapassando a marca de 50% dos casos atendidos nos serviços médicos de urgência de todo mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Esses dados demonstram claramente a necessidade de formar e capacitar profissionais aptos ao atendimento de Urgência/Emergência. (NAEMT, 2007)
            Essa crescente demanda de pacientes traumatizados, assim como as projeções de aumento de atendimento, demonstra claramente a importância de profissionais habilitados ao seu atendimento. Desde o ano de 2000, já existem relatos de Fisioterapeutas atuando em emergência, e sua formação acadêmica vem sendo cada vez mais valorizada e reconhecida nos atendimentos dentro no pronto socorro.

Histórico da Fisioterapia no Trauma e Emergência


            Inicialmente em 2000, cobrindo uma demanda de chamados e transferências de fisioterapeutas que eram chamados com frequência para atender intercorrências no Pronto Socorro, percebeu-se a necessidade de manter um profissional exclusivo deste setor. Baseado na ideia de manter e proliferar essa idéia, em 2006, foi elaborado o projeto pedagógico para implementação do serviço de Fisioterapia na Emergência no pronto socorro do Hospital São Paulo, da Unifesp. Em 2007, com a presença da equipe de fisioterapeutas no pronto socorro foi possível observar e pesquisar quais atuações gerariam efeitos positivos aos pacientes e ao serviço. Apesar da dificuldade e resistência inicial a presença da equipe de fisioterapia, em menos de um ano foi possível demonstrar melhorias claras na prestação do serviço de emergência. Entre 2006 e 2008 foram documentados uma parte dos casos de trauma, onde foi possível observar quais as intervenções fisioterapêuticas fizeram diferença no prognostico dos pacientes, com redução nos custos gerados, no tempo de internação e na instauração de sequelas e comorbidades desses pacientes.
            Entre as atuações mais importantes atendidas estiveram casos de TRM grave, onde as mobilizações efetuadas foram de essencial importância. Os cuidados ventilatórios em traumatizados de tórax, não ficaram pra tras, assim como os cuidado com posicionamento de fraturas, e todo manejo e manipulação dos traumatizados graves. Alem de todos os casos de RCP, Controle de Ventilação mecânica, transporte e manejo (durante transferências e exames, de emergência ou não), cuidados gerais com equipamentos e etc.
            A fisioterapia na emergência não tem se demonstrado só importante. Ela consegue hoje se provar fundamental quando o assunto é redução de custos, prevenção de comorbidades e sequelas e no manejo do paciente grave.


            Para saber mais sobre o Dr Felipe Marx e seu trabalho, consulte seu curriculum Lattes, acesse os sites do PSOR e da Fisioterapia Emergência ou entre em contado diretamente com o mestre através dos telefones 22150981 / 82511821 ou do e-mail marx.dr@gmail.com!

           
Fontes:
            National Association of Emergency Medical Technicians (NAEMT). PHTLS – Prehospital Trauma Life Support, 6 edição, Elsevier, 2007
            Martinez, R: Injury Control: a primer for phycisians, Ann Emerg Med 19:1, 1990
            Peden, M, McGee K, Sharma G:The Injury Chart Book: a graphycal overview of the global burden of injuries, Geneva, 2002, World health Association
            Christoffel T, Gallagher SS: Injury Prevention and public Health: Pratical Knowledge, Skills and Strategies, Gaithersburg, Md, 1990, Aspen
            Junior, CR, Alvarez, FS, Silveira, JMS, Silveira, LTC, Canetti, MD, Silva, SP: Manual Básico de Socorro e Emergência, 2 Edição, Atheneu, 2007

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