sábado, 16 de julho de 2011

Treinamento é coisa séria... e complexa!

  
Há algum tempo atrásRecentemente assisti duas aulas sobre treinamento. Uma delas abordou os princípios do treinamento, enquanto a outras abordou a periodização, sendo brilhantemente ministradas pela Cristina Porto Alves Alcântara e Sérgio Luiz de Oliveira, respectivamente.
Além de serem fisioterapeutas, também são graduados em educação física, e dessa forma o enfoque foi maior no treinamento esportivo, mas também foram feitas correlações com a abordagem fisioterapêutica de reabilitação.
Assisti estas aulas no Grupo de Educação Continuada em Ortopedia e Medicina Esportiva, do hospital São Luiz (vide link Hospital São Luiz em "aprimore-se" e NEO em "visite também").
            Já tinha algum conhecimento, principalmente na parte de princípios de treinamento, que é um assunto muito interessante. A aula abordou e destrinchou cada um dos princípios, que podemos resumir brevemente da seguinte maneira:

1.Individualidade biológica: relacionado ao genótipo e fenótipo do indivíduo. Cada indivíduo tem suas peculiaridades, fica fácil pensar neste principio quando consideramos que as pessoas apresentam diferentes proporções em número de fibras musculares tipo I (lenta) e tipo II (rápida), e assim terão diferentes respostas a um treinamento de força, por exemplo;
            2.Adaptação: capacidade de se adaptar após um estimulo, buscando a homeostasia. É  “supercompensação” pós estímulo;
            3.Sobrecarga: o organismo precisa ser desafiado para gerar uma resposta que venha suprir esta necessidade. A carga (peso, velocidade, equilíbrio, duração da atividade...) não pode ser baixa, pois não gera adaptação do organismo, nem exagerada, pois é potencialmente lesivo e pode levar à um quadro de overtraining;

4.Interdependência volume-intensidade: podemos aumentar a carga de um exercício através do volume ou da intensidade. Em geral, não se aumentam os dois ao mesmo tempo, e isso varia com o estágio do treinamento;
            5.Reversibilidade: parou de treinar, regridem as capacidades adquiridas com o treinamento; e
            6.Especificidade: a capacitação do organismo ocorre de maneira específica ao estimulo que lhe é dado. Se treino chutar uma bola com força, fico bom em chutar a bola com força, mas não necessariamente fico bom em chutá-la com precisão (chutar colocado).
Para se obter o melhor desempenho esportivo, estes princípios devem ser considerados e aplicados.
Mas o mais interessante do encontro em grupo, foi a aula sobre periodização, que é um assunto muito complexo e que ainda não havia tido contato.
Numa periodização, são aplicados todos os princípios do treinamento, levando-se em consideração o calendário de competições. 

Veja na figura à direita: ela mostra variações de evolução no treinamento através do volume e da intensidade, respeitando períodos de preparação, competição e de transição (pós competição/ recuperação), tudo isso numa programação elaborada dia-a-dia num formato anual (macrociclo), mensal (mesociclo) e semanal (microciclo) todas combinadas!!! Viu a confusão?!
Para deixar "ainda mais simples" pode-se programar um pico (peak), que corresponde ao período em que o atleta estará no auge do seu desempenho físico, técnico, tático e psicológico, para uma competição, ou etapa de uma competição.
Tudo isso ainda está sujeito às incertezas que o profissional de educação física tem a respeito da resposta do atleta ao treinamento (princípio da individualidade biológica, por exemplo).
Com todas essas dificuldades, podemos ver um atleta bater recordes semanas ou meses antes ou depois de uma competição importante, e na competição ele não ter o mesmo desempenho. Isso ocorre quando o atleta atinge o pico antes ou depois do esperado. Um erro compreensível diante de tantas variáveis!

Mas o mais interessante disso tudo é: quantas pessoas se prontificam a treinar uma modalidade esportiva objetivando ganhar competições, sem ter nenhum conhecimento sobre treinamento e não ter um acompanhamento de um profissional capacitado?
A falta de orientação e objetivos muito gananciosos podem levar à overtraining, lesões, frustrações e problemas de relacionamento social e familiar. Vimos na aula que um atleta de ponta corredor de maratona tem, normalmente, como objetivo vencer uma única competição no ano (que corresponderá ao período do peak na periodização). As outras provas que ele disputa, inclusiva de outras categorias, fazem parte da programação de sua preparação.

Treino em excesso: declínio de performance
Um atleta desavisado pode ter queda de rendimento por excesso de treino (a falta de repouso adequado leva à falência do sistema musculoesquelético) e treinar mais no intuído de recuperar o desempenho!
O contrário também pode acontecer, ou seja, um atleta pode treinar de maneira insuficiente, não atingindo seus objetivos, ou ainda ter uma lesão numa competição em que faça um esforço maior, sem estar bem preparado para isso.
Falamos muito de atletas, profissionais ou amadores, mas a orientação também é fundamental na prática de atividade recreativa, estética ou por uma vida saudável, e não apenas para quem almeja competições. O acompanhamento de um profissional possibilitará que os objetivos sejam atingidos de maneira segura.
Espero ter alertado sobre a importância de um treinamento bem feito, tanto para um bom desempenho quanto para a prevenção de lesões. Caso queira praticar algum esporte, seja ele recreativo ou competitivo, procure um profissional de educação física capacitado para uma orientação adequada, assim você poderá ter sucesso e ficará com a saúde em dia!

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