sábado, 28 de maio de 2011

Fascite Plantar


Fala pessoal, hoje vou postar um texto da autoria de um grande mestre, chamado Cássio Siqueira. Ele é formado em fisioterapia pela Universidade de São Paulo, especialista em neurologia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP, especialista em aparelho locomotor no esporte pela UNIFESP e mestre em ciências da reabilitação pela Universidade de São Paulo. Atua como supervisor de estágio na USP e é sócio-fundador da Run&Care, dentre outras atividades.
Tem um interessante trabalho com atletas (vide Run&Care em Veja Também) realizando uma complexa avaliação funcional do gesto esportivo, para então poder intervir com uma reeducação do movimento, tendo em vista não só tratar as disfunções, como também realizar um trabalho preventivo.

A pronação do pé é um termo bastante usado no meio da corrida. Você, que já ouviu falar muito de pronação, mas não sabe exatamente o que é, pode tirar a sua dúvida aqui.
Pronação é o movimento do pé em que a planta se vira para fora.


Quando o pé sustenta o peso do corpo, este mesmo movimento vai ser observado como o rebaixamento do arco da parte interna do pé. É o que se vê no popular “pé chato”.
Um pé pode não ser pronado, mas pronar durante o movimento da corrida.
Na corrida, deve-se observar a forma como o pé prona. Qual a amplitude e velocidade desta pronação.
A pronação não é sempre ruim, ela é útil como mecanismo para absorver impacto, mas dependendo da forma como é feita pode ser prejudicial. E, um ponto bastante importante é que o pé, em grande parte das vezes, prona devido a alguma falha em articulações mais altas, como o quadril e o tronco. Portanto, nem sempre um tênis para pé pronador é indicado para pronadores. E, esta avaliação da causa da pronação é importante, antes da compra do calçado.



Um dos palavrões com que os corredores frequentemente se deparam é a fascite plantar. Algumas vezes este palavrão aparece nas grafias fasceíte ou fasciite.
De tão comum na corrida, o que é a fascite não chega a ser um mistério para a população corredora e não faltam boas fontes de informação na internet.
Por isso, abordaremos menos “o que é” e mais “como ela ocorre”.
A fascite se manifesta com uma dor na região interna da planta do pé, próxima ao osso do calcanhar. Esta dor é mais intensa pela manhã, nos primeiros passos após sair da cama, e tende a melhorar com a movimentação ao longo do dia. Porém, maiores períodos em pé, caminhando ou correndo podem fazer a dor reaparecer. E isto atormenta muito o corredor, chegando a limitar treinos e provas.
Uma das principais causas de angústia do atleta com fascite vem da não compreensão do mecanismo causador da fascite e da dificuldade do tratamento.
(...) o mecanismo básico deste tipo de lesão pode ser entendido pelo ditado “água mole em pedra dura…”. As fascites, tendinites, bursites… do atleta, não se pegam do ar. Você não pegou fascite, você não tem fascite, você está com fascite, desenvolveu uma fascite.
O que faz a fáscia plantar machucar é um estresse mecânico, alguma sobrecarga que esta estrutura vem sofrendo. Eliminado o estresse mecânico, o tecido se recupera e a fascite desaparece.

(...)

Mas qual é o movimento inadequado que causa a fascite?

Na corrida, a fáscia plantar é maximamente tensionada quando o peso do corpo é sustentado mais pela parte interna da ponta do pé (mais pelo dedão). Ou seja, a pronação do pé é um fator importante.
Esta tensão também é maior, quanto maior a carga que deve ser sustentada. Por isso, correr com maior deslocamento vertical (saltando) é uma das inadequações que podem aumentar o risco de fasciite. Outra falha importante e comum é o déficit na absorção inicial do impacto. Ele deve ser feito com o retropé (parte de trás do pé – calcanhar) e com o rolamento do pé até que a ponta do pé receba o peso do corpo. Não realizar este processo, ou abreviá-lo, vai gerar maior carga e maior tempo de sustentação da carga na ponta do pé e, conseqüentemente, maior sobrecarga na fáscia.
Obviamente, outros fatores contribuem e devem ser analisados em cada caso como o sobrepeso, uso de calçados inadequados, treinamento sem orientação de professores entre outros.

            É isso ai, espero que tenham gostado e, caso tenham interesse em conhecer melhor o trabalho deste mestre, acesse www.runandcare.com.br.

Nenhum comentário: