sábado, 26 de fevereiro de 2011

PNF: Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva - Método Kabat

            Outro dia estava estudando sobre o método Kabat, então resolvi fazer um post abordando o assunto. É um método tradicionalmente citado e utilizado pelos ‘uspianos’, sendo utilizado não só como uma forma de tratamento, mas também como uma forma de avaliação.

A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF), ou Método Kabat, é mais que uma simples técnica: é uma filosofia de tratamento cuja base está no conceito de que todo ser humano, inclusive aqueles portadores de deficiência, tem um potencial ainda não explorado.
            “Facilitação” é tornar fácil, “Neuromuscular”, que envolve músculos e sistema nervoso, e “proprioceptiva”, que se relaciona com receptores sensoriais que informam sobre o movimento e posicionamento corporal. A partir disso temos um enfoque terapêutico sempre positivo, com uma abordagem global e buscando facilitar o paciente a alcançar seu mais alto nível funcional.
            O método também se apóia em alguns procedimentos básicos:
Resistência: usada para facilitar a contratilidade muscular, aumentar o controle motor, aumentar a força muscular, ajudar o paciente a adquirir consciência dos movimentos e tornar o reflexo de estiramento efetivo. A quantidade de resistência aplicada deve ser “ótima”, ou seja, deve estar de acordo com as condições do paciente.
A promoção ou exacerbação da dor deve ser evitada pelo terapeuta, já que ela funciona como um inibidor da coordenação motora e é sinal de lesão eminente.
A resistência pode ser isotônica concêntrica, excêntrica ou mantida (paciente têm intenção me produzir movimento bloqueado pelo terapeuta), ou ainda isométrica.
Irradiação e reforço: os reflexos proprioceptivos dos músculos em contração aumentam as respostas dos músculos sinérgicos da mesma articulação e dos sinérgicos associados às articulações próximas. Esta “resposta” pode ser vista como aumento da facilitação (contração) ou inibição (relaxamento) nos músculos e padrões de movimento. Os antagonistas geralmente são inibidos, mas pode ocorrer co-contração se a atividade muscular dos agonistas tornar-se intensa.
A resposta aumenta na medida em que o estímulo aumenta de intensidade ou duração.
Reforço é aumentar a força adicionando estímulo novo. O terapeuta direciona o reforço para os músculos fracos pela quantidade de resistência aplicada nos músculos fortes.
Contato manual: deve informar a correta direção do movimento, aplicando uma pressão oposta ao movimento. A pressão aplicada em um músculo aumenta sua capacidade de contração.
O terapeuta também deve estar alinhado com o movimento desejado, para que a resistência seja adequada por todo o arco de movimento.
Comando verbal: deve deixar claro o que é para fazer e quando fazer. As instruções devem ser claras e sem palavras desnecessárias, sendo combinadas com movimentos passivos para ensinar o movimento. A sincronia do comando com o reflexo de estiramento é fundamental.
Comandos para correção podem ser necessários.
Visão: ajuda o paciente a controlar e corrigir o movimento. O movimento da cabeça junto aos olhos facilitará o movimento de maneira reflexa.
Tração e aproximação: A tração estimula receptores articulares e também age por meio do alongamento dos músculos. A tração é usada para facilitar movimentos (principalmente antigravitacionais), adicionar alongamento ao tecido muscular, resistir a alguma parte do movimento e analgesia.
A aproximação também estimula receptores articulares e deflagra aumento na resposta muscular em oposição às alterações de posição e postura. É usada para promover estabilização, facilitar a tomada de peso e a contração dos músculos antigravitacionais e resistir a algum tipo de movimento. Auxilia no tratamento de articulações dolorosas e instáveis.
Estiramento: o estímulo de estiramento facilita o músculo alongado, os músculos da mesma articulação e músculos sinérgicos associados.
Quanto mais global é o estiramento (três planos), melhor o estímulo, resultando em maior irradiação e resposta, com maior disseminação.
O reflexo de estiramento é provocado nos músculos sob tensão, tanto por alongamento quanto por contração. Para ser eficaz como tratamento, a contração muscular seguida de estiramento deve ser resistida. A intenção do indivíduo, e portanto a instrução prévia, interferem na força muscular que se segue a um estiramento, assim como a sincronia entre a instrução, ação do paciente e estiramento.
Sincronização dos movimentos: a sincronização normal dos movimentos mais coordenados e eficientes ocorrem de distal para proximal.

A evolução da coordenação de um indivíduo se dá de proximal para distal, assim, na criança, temos o braço determinando aonde vai a mão, enquanto no adulto o normal é o recrutamento de distal para proximal. Esta sincronia normal deve ser buscada no tratamento.
Padrões de facilitação: o movimento funcional normal é composto por padrões de movimento em massa dos membros e do tronco. Os padrões de PNF combinam movimento nos três planos, sagital, frontal e transversal, e são ditos em “espiral e diagonal”. Dessa forma, todos os itens abordados até aqui devem contemplar os três planos de movimento. O componente de rotação do padrão é a chave para uma resistência efetiva.
O movimento que ocorre na articulação proximal dá nome aos padrões.
Os padrões podem ser variados de diversas formas, conforme as necessidades. Assim, temos as articulações distais e proximais ligadas dentro de um padrão, com a articulação intermediária livre para flexionar, estender, segmentando o padrão, ou manter sua posição. O tronco trabalha junto com os membros para uma sinergia completa.
Em quase todos os momentos, seja numa postura estática ou em atividades de vida diária, estamos utilizando estes padrões. As “diagonais de Kabat” são distinguíveis na marcha, ao comer, ao rolar, ao trocar de roupa, enfim, em diversas atividades.

Com todas estas qualidades e funcionalidade, a PNF é muito útil na reorganização de um sistema músculo-esquelético com alguma disfunção, podendo ser utilizada até para tratamentos de distúrbios na musculatura facial e de deglutição!
 
Fonte:
         Livro: PNF – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva,  Susan S. Adler, Math Buck e Dominiek Beckers

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